Monday, April 17, 2017

Em terapia:

"Agora já sabe tomar conta de si mesma". ...E, embora assim de repente isto pareça coisa fácil, está longe de o ser. Entre infinitas coisas importantíssimas que se vão ganhando no processo terapêutico, creio que estas talvez sejam as melhores de todas (se é que seja mensurável!): - A capacidade enorme de se tornar muito mais quem se é, mais dona e senhora do seu nariz, da sua vida, da sua verdade, do seu pensamento, da sua segurança; agora impermeável e independente das verdades e opiniões alheias; - A capacidade de se tornar autónoma psiquicamente, consciente de si e dos outros, na liberdade de largar o que não nos serve e de estar convicta no que nos acrescenta; - A capacidade de ser assertiva, de conhecer os seus limites e de se saber profundamente. De poder dizer não e estar indisponível, sem culpas. De levar a vida ao nosso próprio ritmo e de se respeitar inteiramente; - A capacidade de se bastar a si própria e de se relacionar com os outros porque se quer e não porque se precisa - o que nos permite ir largando o ego e as carências e não "utilizar" os outros como disfarces disso mesmo ou para tapar vazios nossos; de nos relacionarmos na, e apenas na, verdade, sem medos do que os outros pensam ou sem ser escravos de achar que os melindramos com o que dizemos e com o que somos. O poder imenso dessa liberdade!; - A certeza de que nós e apenas nós somos donos e companhia de nós próprios e apenas nos devemos a nós; - Passar a saber ser pai e mãe de nós mesmos e é nesse lugar de crescimento e de lutos feitos que nos podemos então tornar verdadeiramente adultos; - Maturidade. Afectiva e emocional. Muita maturidade. - E a "lista" poderia continuar... A terapia traz-nos tantas coisas e livra-nos o mais possível do desnecessário, do patológico, do que nos traz peso, culpa, boicotes e sofrimento que nos impede de crescer, mudar, ser tremendamente feliz. Faz-nos acreditar que merecemos, que podemos, que podemos ter esperança no mundo, nas coisas, nas pessoas. Mas, sobretudo, em nós próprios. No fundo é um voto de fé, um resgatar da esperança interna. E, para mim o mais importante: torna-nos pessoas muito mas muito melhores. Anos luz melhores. ... E por infinitas vezes repetirei sempre que quem não passa por isto não tem a menor ideia do que está a perder. <3 Diria que, de certa forma, talvez seja a diferença enorme entre existir e permitir-se a viver, a ter o seu lugar no mundo e a apropriar-se de corpo, alma e coração dele.

No comments: