Monday, May 25, 2015

Vai ser uma grande escandaleira.

"Amar é instinto Pronto! E agora vou aqui escrever sobre o sexo e vai ser uma grande escandaleira. Até porque o sexo é uma coisa que mais ninguém conhece e só eu é que faço, não é? Olha, estudassem! Gosto dos ciúmes de um homem. Gosto daquele que me chama puta no tom de quem avisa: “Mas és a minha puta”. Gosto de um homem que me agarre com desespero, que me mostre que me mata se eu o deixar. Gosto da força bruta que têm duas mãos grandes com medo de perder. Gosto de me sentir presa e nem sempre querer fugir. Gosto que me mordam o pescoço pelo sádico prazer de marcar território. Gosto que me comam com a raiva que tem, quem não pode comer sempre o que mais quer. Gosto que se deitem sobre mim com desespero. Gosto que me apalpem o rabo com força, na rua, quando pensam que ninguém está a olhar. Gosto que me beijem a barriga com a devoção de saber que está ali o melhor lugar do mundo. Gosto dos gritos, das palavras devassas, do cheiro, dos cabelos presos nas mãos como rédeas. Gosto da urgência. Da mão dentro da saia ainda no carro ou dela levantada no elevador com o peito encostado ao espelho frio. Gosto de dedos. Lambidos, mordidos, apertados. Provocadores, curiosos, penetrantes dedos. Gosto de ver o meu homem de joelhos a lamber-me as pernas, não há nada mais inebriante do que um homem esmagado pelo desejo, ali. No chão. Gosto dos olhos postos na minha nudez e vê-los crescer no escuro à medida que me lambem a pele. Gosto que me tomem como se não tivesse vontade própria, não há nada mais glorioso do que ser instrumento do amor. Gosto de me sentar sobre os calcanhares e ficar pequena para ele, para que se sinta tão grande como realmente o vejo. Gosto quando me levanta, me puxa para si e enterra a minha cabeça no seu peito porque sabe que é o único lugar onde descanso. Gosto quando me cala com beijos e me trata como se nada do que eu tivesse para dizer fosse mais importante do que a pressa de me ter. Gosto que me lamba, que me sorva, que me morda, porque amar é isso, é ter no outro o irresistível expoente da tentação e querer metê-lo boca adentro que é onde se mete tudo o que mais se quer. Amar é instinto, é ser bicho e perder os códigos, é despir-se de tudo para sentir na pele inteira a alma de quem se quer. Amar é ser despudoradamente de alguém e viver isso com graça. É ser meretriz, messalina, perdida, mundana, fêmea, despida de qualquer vontade própria, viciada, rameira, decaída, lasciva, voluptuosa, possuída, mas só por um. O nosso e o maior." Patricia Motta Veiga

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