Thursday, January 1, 2015
Pequena reflexão sobre o dia dos namorados.
"Amanhã é dia quinze. Imagino que este seja o pensamento de muitas pessoas: “Hoje é dia catorze, mas amanhã é dia quinze.” Nunca entendi muito bem a finalidade de celebrar este dia. Não o sinto mais especial que outro dia qualquer do calendário. Talvez este seja o meu lado cínico e amargurado a falar mais alto – quem sabe? Há um ano partilhei este dia com alguém: não trocámos prendas, não fomos jantar fora, não ligámos sequer a esta data, mas amámo-nos como se fosse outro dia qualquer. No ano anterior passei este dia sozinho, no ano anterior a esse também, no anterior a esse também. Passei maior parte dos dias dos namorados sozinho a cultivar o culto pelo amor próprio. Em todos os outros que partilhei com alguém nunca liguei muito a isso. Não que não acredite no amor, nas demonstrações de carinho, na celebração dos sentimentos. Nada disso. Acredito piamente no amor. Acredito em tudo o que esse amor engloba. Acredito nas palavras e nos gestos que fazemos por amor. Talvez daí este meu cinismo por esta data. Daí este meu descrédito pelos corações de peluche, os cartões e as rosas vermelhas de dia catorze. O amor celebra-se todos os dias. O amor celebra-se a todos os momentos, em todos os gestos - mesmo nos mais pequenos. Aliás, mais nos mais pequenos. Amar implica uma continuidade. Amar e ser amado obriga-nos a darmos o nosso melhor constantemente. Obriga-nos a estarmos atentos. Obriga-nos a construir, todos os dias, uma base para o futuro. De nada valem os cartões, os jantares a dois, os passeios pelos jardins regados de beijos e clichés românticos, se forem, apenas, a consequência de uma data no calendário. O amor está tão banalizado nos dias que correm, não o banalizem ainda mais. Não o marquem com uma cruz no calendário para o celebrarem de ano a ano. Acreditem no amor. Cultivem o amor. Colham os frutos desse amor. Não hoje, não amanhã, mas sempre. Sejam os melhores para quem amam: todos os dias, a todas as horas.
Amanhã é dia quinze: não se esqueçam de celebrar o vosso amor".
(Pedro Rodrigues)
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