Thursday, January 1, 2015
2013, foste um óptimo professor.
Soubeste ser tanto “besta como bestial”, o que me ajudou a contrabalançar e a relativizar as coisas; a valorizá-las também. Por vezes foste “madrasta” mas lembraste-me sempre do quão forte sei ser, mantendo a cabeça levantada, as crenças renovadas e o coração forte, mesmo quando esteve frágil.
Permitiste-me surpreender-me a mim mesma, uma vez mais. Agradeço. Descobri de novo que errar faz parte da nossa verdade e do nosso crescer, independentemente do que aconteça. E eu volto a preferir errar sendo fiel a quem sou do que acertar não sendo eu. Portanto, erros, tropeções, e falhas à parte, mantive-me, mal ou bem, sempre fiel a mim própria, nunca passando por cima de mim nem de ninguém. E mesmo os meus erros são isso mesmo: meus; portanto tenho direito a eles. Mas vou errando melhor, sempre melhor.
O tempo, esse, mostrou-me de novo que precisa de tempo e pede paciência. Além de ser rei e um grande mestre, ele assusta as pessoas; por sermos todos intolerantes à dúvida, à imprevisibilidade dos dias, às ausências, às inseguranças, ao "não saber o plano para amanhã". Tendemos assim a controlar o frenesim dos dias, as rotinas e as coisas, porque o controlo nos traz uma ilusão de segurança, de previsibilidade. Mas a realidade é que ninguém sabe o minuto a seguir e se não estamos predispostos "a arriscar o ano que vem" e o dia seguinte, então não devemos levar “pela mão” e pela vida as pessoas com quem nos damos a cada momento. Há que arriscar, portanto, com a certeza cega de quem acredita que não há qualquer hipótese de falhar. Porque, no fundo, tudo é um tiro no escuro.
Trouxeste-me um amor de mãos pequenas e de um coração que, na altura, conheci grande. Intenso, bonito, mas fugaz. Esse amor ensinou-me tanto. Entendi, com ele, que a criação de uma relação de amor pode ser tortuosa de vez em quando; nem tudo são rosas e mesmo as rosas trazem espinhos. Os problemas, desencontros e conflitos são inevitáveis, mas esses problemas tanto podem ser encarados como fontes de ressentimento e rejeição ou como, por outro lado e de forma construtiva, oportunidades repetidas para aprofundar a intimidade, o carinho e a confiança. É sempre uma escolha nossa. O ingrato é que só podemos escolher da nossa parte, já que “para bom amor meio coração não basta”. O que rápida e dolorosamente me fez perceber que, a estar, temos de estar no mundo dos outros quando chove e quando faz sol, mas nem todos têm essa capacidade. E já dizia “a outra”: “O amor não foi feito para os preguiçosos, foi feito para os soldados”. E tinha toda a razão.
Dei-me conta também que facilmente confundimos e camuflamos relações com dependência e chamamos-lhes amor. Por outras palavras, “insultamos” vezes demais o amor, porque o tomamos por tanta coisa diferente dele: Egos, rejeições, faltas, vazios e carências nossas. O amor, esse, é gratuito e não deverá ser auto-centrado. É, antes, livre e absoluto, um complemento ao que somos, um transbordar no que já existe de completo em nós e não as peças que nos faltam ao “puzzle”. Torna-se portanto perigoso pensarmos que fulano ou fulana é o homem ou a mulher da nossa vida. Pode, quanto muito, trazer mais vida à nossa vida, mas como acrescento, nunca como “o ar que respiramos”. Prefiro portanto saber e dizer que “Não posso ser a mulher da tua vida porque já sou a mulher da minha”. E hoje sou mesmo, profundamente.
É então na autonomia emocional, afectiva e psicológica que podemos estabelecer verdadeiras ligações e relações. A dependência é traiçoeira, cega-nos, e faz-nos ser egoístas e virados sobre o nosso umbigo… e pouco mais.
Apercebi-me, nestes 365 dias, que hoje sou e sei-me mais feliz por me sentir segura ao ser amada sobre toda a minha verdade. E isso basta-me. Já sei, vou sabendo, cuidar do que e de quem é verdadeiro e deixo (sobre)viver em mim sempre esta vontade bonita, toda e só minha, de crescer por dentro. Já me sei rir dos meus choros, aprendi a tratar a tristeza como a uma anedota, a não lhe dar tanta importância, por já trazer a certeza de que tudo o que vai, volta. Mas nem tudo o que volta encontra o que deixou. O que hoje é, amanhã já se transformou. Acalmo assim a alma e ando mais devagar porque já tive pressa e, em parte, estou cansada. Cansada mas serena e realizada, mais cheia e dona de mim.
Confirmei, no passar dos dias e do ano, que somos a soma de todos os momentos e todas as pessoas que vivemos e que viveram e coexistiram connosco, em diferentes proximidades e afinidades. E são esses momentos que se transformam na nossa história. A felicidade é, no fundo e portanto, uma colecção de momentos e vem de dentro. Sempre de dentro. Procurá-la (apenas) cá fora, no mundo e nos outros, é uma ilusão que gera frustração e dependência. Ser livre é, por isso, ser o que e quem se é, em vez de ter; de esperar. De reagir ao agir do outro. Somos nós que nos fazemos felizes. Somos nós o nosso “euromilhões”. Por isso, é bom que apostemos, todas as semanas da nossa vida, todos os dias da nossa vida, tudo o que temos em tudo o que somos. Porque somos nós tudo o que temos.
No fim de contas, rendo-me à evidência de que não vale muito a pena arquitectar e guardar pensamentos e ruminações. A bússola melhor é sempre a da intuição e do coração, porque sentir é uma forma de saber (a melhor, diria eu). Guiemo-nos então por ela. Pensar muito não significa que estejamos a pensar bem.
Revela-se-me portanto em vão a energia que despendemos a ter pena de nós próprios e a chorar o que já lá vai. Desprendamo-nos do passado, de ficar à espera do que já não vem. É ilusório esperar que “de uma árvore de limões acabem por cair laranjas”. Não nos serve, vamos embora. Simples assim. Aprendamos com isso mas saiamos do lugar da vítima, do azarado, do coitadinho. A sorte somos nós que a fazemos, o sofrimento é opcional, e ninguém tem o poder de nos deixar mal sem o nosso consentimento. Por isso em vez de pensarmos que o mundo esta contra nós, mudemos as correntes e estejamos nós a nosso próprio favor, façamos por isso. As rédeas e a responsabilidade da nossa vida são nossas e só nossas. Usemo-las. Aceitemos o que nos acontece. Não podemos prever o que dai vem mas podemos sim mudar a forma como lidamos com isso. Crescer. Evoluir.
Tenho e acredito para mim, cada vez mais, que estamos, no aqui e agora, precisamente no lugar e no tempo de consciência e aprendizagem em que era suposto estarmos. E, mais cedo ou mais tarde, sem nos apercebermos, todas as coisas se alinham e conspiram de forma a juntar os pontos, a ganharem um sentido. Mas nos entretantos, nos compassos de espera e até lá, temos de ser nós a preparar e cultivar a nossa paz. As relações que queremos manter e preservar, investir, cuidar.
Parece-me que se torna necessário ter várias experiências para nos desafiarmos, para nos expressarmos, para oferecermos algo a mais alguém; para conhecermos do que somos capazes e o limiar dos nossos limites. É essencial, diria. Isso e agradecermos as coisas boas. É um óptimo exercício que nos ajuda a perceber o quão ingratos e cegos podemos ser/estar perante a vida. Ajuda a lembrar o bom de cada dia, e isso vale muito. Vale tudo.
Sejamos mais flexíveis e menos duros connosco e com os outros. Paremos de julgar sem estar na pele do outro, nos sapatos do outro. Somos todos diferentes e há que aceitar que os outros têm um tempo e um modo diferente do nosso. Por isso, não temos o direito de interferir no caminho deles, de os apressar. Mesmo que acreditemos que é o melhor para eles. Bom… Melhor?! Prepotência a nossa! Cada um é que pode e deve aprender, fazer o seu percurso, entender com o tempo e as experiências o que é o seu melhor e o seu pior. Mesmo que estejamos a ver que quem nos é querido se irá “espetar”, não nos compete a nós decidir, opinar, aconselhar, fazer, pensar e sentir por eles. Resta apoiar, respeitando, no matter what. Eis o nosso papel. E já é muito.
Outras pequenas-grandes aprendizagens:
- Ninguém muda ninguém. E, caso o faça, apenas o fará pelo exemplo;
- É o medo de perdermos as coisas que nos faz perde-las. Quantas coisas perdemos então por medo de perder?! Demasiadas. Livremo-nos do medo. Agarremos a coragem;
- Tudo o que damos recebemos em dobro, basta estarmos atentos e gratos. Há que abrir os olhos ao que nos rodeia; e há que fechar o coração e a vida a quem não nos queira bem;
- No caminho que trilho sou responsável (apenas e só) por mim e pela pessoa que decido tornar-me de dia para dia. Por isso vivo para ser melhor e maior. Para ser enorme. É o meu pressuposto. E quem quiser que me acompanhe.
“ A vida é tão grande e tudo se resume a tão pouco”. Ao importante.
Por isso:
A 2013 o que é de 2013. 2014: estou de braços, alma e coração abertos para ti. Chega logo que eu vou-lhe usar… e muito bem.
Obrigada a quem me ama e a quem eu amo por nunca me deixar esquecer quem sou e o que valho, mesmo e quando eu própria me esqueço. Por me ajudarem a crescer por dentro. Não seria metade do que sou sem os que, a mal ou a bem, me conduziram até aqui. Até mim. Grata por tudo e tanto disso.
Desejo com força um ano cheio e grandioso a todos. Com saúde e paz, que o resto a gente corre atrás. Façamos destes 365 dias uma história para contar e lembrar*
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