A idade que fizeste ontem.
Devia dizer.te que te admiro, todos os dias e desde sempre. Que a suavidade de carácter que trago em mim, a descrição e o jeito generoso de ser, o aprendi contigo. Passaste-mo.
Dizes.me que tenho muito mais de ti do que a mãe. Curiosamente, é verdade. Mas uma avó é uma boa mãe e ainda que uma mãe mais afastada por títulos ou afinidades familiares e biológicas, não é uma segunda mãe. Não para mim. Para mim também tu és uma primeira mãe, não descurando a minha - que também veio de ti, diga-se.
Olho.te, esse 1, 50 de gente, e vejo um poço de força. És de poucas falas, mas resumes.te sempre a palavras assertivas e sensatas. Tens a calma e a tranquilidade de quem já passou por muito mas que nunca perdeu a esperança. Tens um riso de criança, a pele de um bébe e o batom encarnado fica.te como a ninguém. Tratas a vida e as pessoas com a delicadeza e trato de mãos com que cozinhavas e preparavas, pormenorizadamente, os bolos que vendias para fora. Recordo.me como se fosse hoje. É por tua causa que ainda roubo massa de bolos com os dedos e, por isso, nas minhas mãos eles resultam com metade do suposto tamanho.
Nunca em criança me negaste vaidosices, brincadeiras ou gargalhadas. Nunca, em crescida, deixaste que me faltasse alguma coisa. Sempre me trataste como uma filha e é assim que eu me sinto: tua filha. Mesmo e especialmente nos dias de sufoco, quando te sei doente (a ti ou ao avô) e o sentimento é de impotência, por estar a não sei quantos Kilómetros de distância de te dar a mão ou socorrer o teu coração da aflição.
Hoje, como ontem e como todos os dias para mim mesma, quero dizer-te que te amo. Avó. Mãe. Minha avó-mãe.
[E uma parte de mim vai contigo no dia em que fores embora deste mundo. Também disso estou certa.*]
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3 comments:
Oh meu Deus... uma lágrima!
que bonito :)
*
obrigada às duas.. ;) *
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