'O Amor não será o que sucede nessas histórias mais ou menos acidentadas que acontecem entre homens e mulheres. A maior parte das vezes esses "amores" não são senão egoísmos entrelaçados. O Amor, tal como o ser, implica uma saída de si mesmo, uma manifestação. É um fluxo constante que sai do que ama para o amado, a fim de o envolver e confirmar a cada instante que ele é digno de existência. O Amor brota pelas brechas que abre no egoísmo que reveste a alma. Perante a morte de alguém que amamos sentimos uma ausência, porque de facto se perdeu o rasto a um pedaço de nós que vivia naquele coração, naquela alma, naquele ser. Quando morre alguém que nos amou, de facto, ele permanece presente e vivo em nós, uma vez que foi também aqui, no fundo de nós, que ele quis estar e ser.
Mas não se deve ver o Amor apenas pela sua luz, pois, se ilumina, fá-lo para combater uma escuridão tremenda. Eis a razão pela qual, na dor e no sofrimento, se reconhece, mede e avalia o Amor de que é capaz. Por isso disse Soror Mariana: "Do fundo do coração Vos agradeço o desespero que me causais, e detesto a tranquilidade em que vivia antes de Vos conhecer." O Amor é a suprema contradição. Não é sequer humano. Não fosse ele o acto divino por excelência e estaríamos a falar de algo humanamente comum. Não o é. Nesta entrega incondicional há um momento único: é precisamente quando, pelo Amor, saímos de nós mesmos... que aparecemos diante dos nossos próprios olhos...'
[José Luís Nunes Martins]
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