Quando um homem se decide a conquistar uma mulher, não basta comprar-lhe presentes caros e encharcá-la com elogios. A corte amorosa tem algumas semelhanças com a arte da guerra. Já dizia Sun Tzu quatro séculos antes de Cristo, se queres vencer o inimigo, deves conhecê-lo, acrescentando que a habilidade do general consiste em cansá-lo quando este estiver descansado; deixá-lo com fome quando estiver com provisões; movê-lo quando estiver parado.
Conquistar uma mulher dá trabalho, requer organização e disciplina, capacidade de planeamento e motivação das tropas, qual general em congeminação profunda enquanto se prepara para invadir o território inimigo. E tal como nos negócios, o segredo, a dissimulação e a surpresa são a alma do sucesso.
Há mulheres que não resistem ao cheiro do dinheiro, outras que pasmam com o poder, outras ainda que se vivem ofuscadas pelo mediatismo. As primeiras podem ser seduzidas com viagens ao Dubai e uma colecção de Birkin do crocodilo; as sensíveis ao poder impressionam-se com pastas ministeriais e motoristas sombrios, e as deslumbradas pela fama promovem-se ao lado de figuras públicas. E depois há as outras, em escassa minoria, que se estão nas tintas para isso tudo e se derretem com o charme, porque o que mais apreciam num homem não tem a ver com o que ele aparenta ou representa, mas com a forma como as trata. E segredo de bem tratar uma mulher está no savoir-faire.
Um homem com savoir-faire pode ter mais ou menos cabelo, mais ou menos dinheiro, mais ou menos barriga, mas tem um je ne sais quoi que o faz ir sempre mais longe com as mulheres. Os homens que percebem isso e que desde cedo cultivam tal qualidade, conseguem quase sempre as mulheres que querem, ainda que as probabilidades se apresentem pouco favoráveis à partida.
A realidade é evolutiva e o que parece impossível hoje pode ser viável amanhã. Os homens pacientes na conquista conhecem esta verdade. Aliás, os homens pacientes conhecem várias verdades universais sobre as mulheres e investem tempo em conhecer a sua presa; sabem que uma tarde bem passada a conversar vale mais do que a táctica gasta da sedução imediata. E ainda que o ‘factor SPAC’ lhes tolde ligeiramente o discernimento, mantêm-se calmos e não desarmam.
Estar com um homem com savoir-faire é um prazer; a conversar, a rir, a namoriscar, a programar viagens e a rir outra vez, porque um homem que saiba o que está a fazer conhece muito bem o poder do verbo, do romance e do riso, e também sabe como usá-lo com sensatez e descontracção. Os homens que pertencem a esta categoria são sinceros, divertidos e espontâneos, jogando mais com as evidências do que com a dissimulação. Eles são o oposto do género Charme de Meia Tijela que usa o cabelo lambido com gel, gravatas espalhafatosas e entorna todos as manhãs sobre o peito meia garrafa de perfume, que colecciona frases feitas e pensa que todas as mulheres são iguais e que por isso se conquistam da mesma maneira.
O savoir-faire é irmão do charme e filho da inteligência. Não vai em tácticas ofensivas nem em actos terroristas. Não tem a alma vil de um sniper, mas a grandeza de um general. Não ataca pela calada, mostra-se disponível para avançar. E vence quase sempre sem grande esforço, porque as mulheres podem gostar de ver o closet cheio de carteiras de marca, mas do que elas precisam é de ser tratadas como princesas. Com ou sem cavalo branco.
[Margarida Rebelo Pinto]
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